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COLUNAS 10/10/2020

LADO B: A Furb na Covid-19

Por M. Mattedi

 

A COVID-19 atingiu a universidade como um raio em céu azul. A pandemia induziu uma reestruturação das atividades acadêmicas tão inesperada quanto necessária. Isto significa que as universidades foram obrigadas, ao mesmo tempo, a tomar medidas radicais e fazer grandes esforços acadêmicos. Isto acontece porque os limites das práticas acadêmicas fundamentais foram exacerbados pela COVID-19. Por isso, os impactos provocados pelo processo de mediação tecnológica das atividades de ensino, pesquisa e extensão serão profundos e duradouros. E, portanto, a FURB reagiu surpreendentemente bem à passagem do novo Coronavírus.

 

Por um lado, a FURB efetuou eficaz e rapidamente a transposição das atividades de ensino, pesquisa e extensão para as modalidades mediadas tecnologicamente. Segundo as pesquisas realizadas pelo Núcleo de Estudos da Tecnociência (NET) e pela própria FURB, a maior parte dos professores e estudantes se adaptou muito bem às modalidades mediadas tecnologicamente. Neste sentido, realizou-se em poucas semanas um experimento institucional que levaria anos. Indica, assim, que demoramos muito a investir nas modalidades à distância.

 

Por outro lado, a FURB se integrou positivamente aos esforços de contenção da COVID-19 no Vale do Itajaí. A crise abriu uma janela de oportunidade para a universidade se envolver ainda mais com a comunidade, apoiar os esforços por meio de pesquisa e inovação e, sobretudo, ajudar a preparar uma região mais resiliente. Neste sentido, cabe destacar principalmente a assessoria prestada pela FURB à Comissão de Governança Regional de Combate e Enfrentamento do Novo Coronavírus do Médio Vale do Itajaí, do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Médio Vale do Itajaí (CISANVI). Portanto, a COVID-19 possibilitou à FURB retomar sua vocação regional.

 

Isto significa que existia um forte capital institucional acumulado. Embora este capital não esteja distribuído institucionalmente de forma homogênea, isto é o que explica porque a curva de aprendizado foi tão rápida. A FURB conseguiu não somente manter as atividades de ensino e pesquisa ativas, mas também a experimentação, adaptação e ampliação das atividades de produção e transmissão do conhecimento. Esse processo envolve o aumento e o fortalecimento da flexibilidade institucional e os processos de coordenação descentralizada. Nesse sentido, a passagem da COVID-19 pode ajudar a FURB a se libertar, definitivamente, do passado. 

 

Trata-se de uma mudança que veio para ficar: haverá mais conteúdo de alta qualidade on-line. Por isso é necessário se adaptar à mudança. Afinal, quem não se adaptar certamente irá desaparecer. Em outras palavras, a relevância social e, consequentemente, a sobrevivência institucional da FURB vai depender muito da capacidade de manter a curva de aprendizado ascendente. Isto acontece porque o processo de Informatização da Sociedade é socialmente irreversível. Neste sentido, é preciso fazer com que a FURB retenha e amplie as oportunidades abertas pela COVID-19 com medidas nas seguintes áreas: a) Inovação Tecnológica; b) Infraestrutura Institucional

 

 

 

 

  1. Infraestrutura tecnológica: é preciso aperfeiçoar o ensino mediado por tecnologia. Mais precisamente, não basta simplesmente replicar o ensino presencial por meio de dispositivos on-line. Necessitamos oferecer ensino presencial e à distância sincronizadamente. O aluno deve poder optar se deseja assistir/participar da aula em sala ou em casa. As atividades presenciais precisam ser destinadas ao desenvolvimento de atividades práticas e à construção do conhecimento. Para isso é preciso, ao mesmo tempo, equipar melhor as salas de aula e fornecer suporte para produção de novos materiais didáticos.

  2. Modelo institucional: o tempo gasto em processos burocráticos não pode ser maior do que o despendido nas atividades acadêmicas. Afinal, a estrutura organizacional da FURB não está adaptada para as modalidades de ensino à distância. Neste sentido, é preciso efetuar uma adaptação do padrão de funcionamento burocrático da FURB para tornar os processos mais ágeis. Por isto, a proposta de Reforma Administrativa deve levar em consideração não somente a estrutura do ensino a presencial, mas sobretudo, a do ensino à distância. Embora a adaptação às aulas tenha sido muito boa, os processos burocráticos não foram nada satisfatórios. 

Em resumo, a passagem da COVID-19 redefiniu a experiência universitária. Mais precisamente, alterou a forma como são mediadas as atividades de ensino, pesquisa e extensão. É preciso fornecer, simultaneamente, abordagens flexíveis e personalizadas. Substituir as aulas expositivas centradas no professor por atividades centradas no aluno, voltadas para atividades práticas de aprendizado por meio da combinação off-line (presencial) e o on-line (virtual).  A FURB precisa se concentrar na construção de uma estratégia em duas fases:

 

a) Curto Prazo: alfabetização digital da comunidade acadêmica;

 

b) Longo prazo: digitalização das atividades acadêmicas. 

 

A COVID-19 mudou a universidade para sempre. As atividades presenciais continuarão a ser muito importantes na universidade pós-pandemia. Os alunos e professores continuarão indo para a universidade, mas não para fazer as mesmas coisas. Neste sentido, a passagem do Coronavírus acabou acentuando tendências que já estavam incubadas na FURB. Entre os fatores chave, destacam-se a construção de um Modelo Híbrido de Ensino (presencial e digital), mas também o deslocamento de seu foco de pesquisa para as questões eminentes de escala regional. Portanto, por mais doloroso e estressante que este processo seja para universidade em geral e para FURB em particular, ele é bem-vindo.

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